Todo mundo deve ter visto o comercial.
Uma típica propaganda de Havaianas, bem humorada, com uma piadinha quebra de expectativa no final.
Devido a várias reclamações e a um processo aberto no Conar, o filme teve que ser retirado do ar. Em seu lugar, está sendo veiculado um novo, com a velhinha explicando por que o comercial foi retirado e informando que é possível assistir na internet o original.
Eu me pergunto: quem reclama de um comercial desses?
O que será que ofendeu mais aos espectadores: a sugestão bem aberta e desencanada de se usar o galã Cauã Reymond como objeto, apenas para sexo, como se fosse uma mulher ou a questão de ter sido uma singela velhinha que deu a ideia?
Acredito que se fossem duas meninas conversando, a propaganda ainda estaria sendo veiculada. O motivo do banimento é simples: o povo brasileiro é demasiadamente politicamente correto.
Tudo tem que ser certinho, limpinho, normal. Toda frase com sentido um pouco mais livre de interpretação tem que ser seguida de “não querendo dizer que…”, como se, por exemplo, para elogiar o time do Cruzeiro fosse preciso pedir, em seguida, desculpas aos Atleticanos, se estivesse em pior situação.
É aquela postura de tratar opiniões diferentes como se fossem ofensa.
Será que o conteúdo da novela Caminho das Índias, sucesso de audiência, era menos “ofensivo” que a propaganda? Ainda mais com a Rede Globo fazendo inúmeros programas e reportagens sobre a “fogosa” Norminha, aquela que nocauteava o marido pra sair a noite e traí-lo? Ah, mas aí, claro, é novela, tem musiquinha engraçadinha, é comédia.
Chamar de falso moralismo é faltar com a verdade.
Foi mais uma demonstração de idiotice do povo brasileiro.
